quinta-feira, 31 de maio de 2012

MANOELZINHO - "Jipe de Praça"



por Joaquim Pereira

Encontramo-nos, eu e o Manoel Bezerra da Silva, conhecido por Manoelzinho, ainda quase meninos, ou meninos mesmo, eu menino do mato, estudante em Teresina, ele menino da cidade, dirigindo o caminhão do pai, Luiz Bezerra, lá por aqueles matos.
     Depois, já bancário em Campo Maior, reencontrei-o ali, dono de "jipe de praça". E formamos um trio quase inseparável, eu, ele e o Polidório, todos ainda solteiros. Toda noite, lá estávamos nós na praça Rui Barbosa, a praça do passeio, ou no Campo Maior Clube. Ou no bar do Mestre, jogando sinuca, apostando cervejas.
     Mais tarde, quando assumi o cargo de Fiscal do Banco do Brasil, era ele o meu motorista. No seu jipe quatro portas varamos aquele pedaço do Piauí de ponta a ponta, não sei quantas vezes, da estrema com o Maranhão até a estrema com o Ceará. Então sofrendo de úrcela estomacal, mas muito precisado do aluguel garantido do jipe, submeteu-se àquela dura lida, de alimentação incerta e não escolhida, que vida de fiscal do Banco, naqueles tempos, não permitia regime alimentar. Alimentava-se quase somente de biscoito água-e-sal. E, dia após dia, emagrecendo rápido. Já só tinha quase mesmo o couro e o osso. Preocupado, olhava-o e via-lhe, bem demarcados, todos os ossos do rosto. Por causa disso, dispensei-o de andar comigo e aluguei outro jipe. Quando lhe fiz a comunicação, que não precisava mais do seu jipe, ele não a entendeu e zangou-se, querendo saber o motivo de tal atitude minha, se ele tinha cometido alguma falha, se sua companhia já não me agradava. Expliquei-lhe que sua saúde não lhe permitia aquele tipo de trabalho, vivendo pelos matos, sem conforto, vida de cigano. Saiu entufado, certamente sem perceber que a minha intenção era ajudá-lo a recuperar-se. Pouco tempo depois, alegrava-me vê-lo com a fisionomia melhorada, reencorpando-se, porque vivendo em casa com sua esposa, tendo repouso e alimentação adequados.
     Mudei-me para Brasília e lá ficou ele, vivendo do aluguel de seu jipe quatro portas. Na primeira vez em que retornei a Campo Maior, anos depois, de férias, encontrei-o gordo e corado, funcionário da Prefeitura e empresário, dono do RESTAURANTE MANOELZINHO, especialista em carne-de-sol com baião de dois e paçoca. E me recebeu como se recebe amigo, porque sua zanga durou pouco.
     Mas morreu sem quê nem pra quê. Ele, que cresceu agarrado a volantes de tudo quanto era tipo de carro, logo ele espatifou seu carro em acidente na estrada Campo Maior/Teresina. E morreu.
     Morreu mas deixou o nome no restaurante Manoelzinho, hoje talvez conhecido em todo o Brasil. Nome espalhado pelos turistas que ali já pararam para almoçar ou jantar uma das melhores carnes-de-sol de Campo Maior. Quem sabe, uma das melhores carnes-de-sol do Nordeste.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Altemar Dutra


Nos anos 1960 fez sucesso em vários países da América Latina e, no final daquela década, era um dos maiores cantores latinos dos EUA.
Altemar Dutra (cantor, instrumentista e compositor) nasceu em Aimorés / MG em 6/10/1940. Ainda pequeno, sua família mudou para Colatina (ES). Nessa época, ganhou da mãe um violão, que aprendeu a tocar sozinho. Ainda na mesma cidade, apresentou-se pela primeira vez em público, no programa da Rádio Difusora, de Colatina. Ficou em primeiro lugar e incentivado pelo sucesso que começava a fazer pela cidade, veio para o Rio de Janeiro (RJ) com apenas 17 anos.

É considerado um dos maiores fenômenos da música romântica brasileira. Chegou no Rio de Janeiro (RJ) em 1957, trazendo uma carta de apresentação para o compositor Jair Amorim, que, percebendo o seu potencial, o apresentou a vários amigos do meio artístico. Começou então a se apresentar na boate Baccarat, porém, como ainda era menor de idade, teve que várias vezes se esconder do Juizado de Menores. A convite de Helena de Lima, que o ouvira cantar na Baccarat, passou a se apresentar, entre 1960 e 1965, na boate O Cangaceiro, uma das mais famosas da cidade. Nela fez amizade com várias pessoas do meio artístico, principalmente com os membros do Trio Iraquitã. Foi, inclusive, Joãozinho, membro do trio, que o levou para a Odeon em 1963.
Veio a falecer com apenas 43 anos em Nova York, quando se apresentava para a comunidade hispânica da cidade, na boate La Tanquera, e sofreu um derrame.

Seu primeiro grande sucesso aconteceu em 1963, com a música Que Queres Tu de Mim, de Evaldo Gouveia e Jair Amorim.  Outros sucessos da mesma dupla se seguiram na voz de Altemar Dutra, entre eles Sentimental Demais e O Trovador.  Altemar gravou e cantou quase todas as composições dessa dupla, tornando-se um dos maiores fenômenos da música romântica brasileira. Destacou-se também em vários países da América Latina, e gravou um LP com Lucho Gatica: El bolero se canta así.
Veio a falecer vitimado por um derrame cerebral com apenas 43 anos em Nova York, quando se apresentava para a comunidade hispânica da cidade, na boate La Tanquera.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Rádio Clube de Campo Maior - Transmitindo do Túmulo do Tempo...

“Segura o bode Dr. Zé Miranda!”


por José Miranda Filho

Esta postagem me traz ótimas recordações de uma fase da minha vidinha. Como a fase do jornal A Luta. Apenas começava a funcionar a Rádio Clube quando fui convidado para proceder a um teste, uma prova para ter ingresso nela. Fui recebido pelo Paulo Penha, especialista "importado" pra fazer a emissora funcionar e exercendo, inclusive, a função de locutor; possuía uma voz primorosa. Ele me colocou diante de uma máquina de escrever, parecida com as da dona Edmeé, talvez menos velha, e me mandou datilografar um texto de notícia. Então, fui aprovado, aproveitado para a função de Redator, noticiário da noite - sabem que não me lembro se havia outro? Uma única vez me vi obrigado a fazer a leitura do jornal, isto é, a apresentá-lo. Fiz com a insistência de nosso operador de som, o qual enfatizava que não ficaria bem o noticiário não ir ao ar. A razão foi uma chuva forte que impediu o comparecimento de todos os locutores naquela noite. Então, subiu aos céus campomaiorenses a minha voz rouca e nasalada. Que constrangimento! Contava, como a canção do Fábio Jr., vinte e poucos anos (muito poucos anos, realmente). Depois de um mês de trabalho, exultei de alegria com o primeiro salário da minha vida: 40 cruzeiros, que recebi do seu Mousinho, o Tesoureiro, na sua loja mesma e com um nome fictício no recibo, porque a emissora ainda não estava regularizada no DENTEL (foi o que ouvi dele).

Político e supervisor da rádio, Mamede Lima, e o repórter e locutor Chico de Paula

Servia na Rádio Clube com muita responsabilidade e orgulho. Mas, pelo que me lembro, não portava o cartão que a colega Francy portava, esse de Radialista. Estará tão fraquinha assim a minha massa encefálica?! Ainda era na Praça do Rosário, posteriormente num prédio do Ten. Jaime da Paz, 2º pavimento, na Av. José Paulino e, logo em seguida, no mesmo edifício, porém na Av. Demerval Lobão. 


Tive como Supervisores Sales Oliveira, Mamede Lima, Edilson Polidoro, que me ascendeu, cumulativamente ao cargo de Redator, ao de Assessor do Supervisor, recebendo um pouquinho mais. Senti-me valorizado pelo Edilson, que havia sido meu professor de História Geral, no Ginásio Santo Antônio. Fiquei honrado, porque vi no seu ato algum mérito meu. Tive o prazer de trabalhar com os locutores Francy, Chico de Paula, Agostinho Lopes, com Maria José, com a cronista social Sílvia Melo, os apresentadores do noticiário esportivo Barrinha, Melinho e Luiz Cláudio (Icade). Porém, um lamentável lapso de memória me impede de lembrar a função da Maria José e o nome do único e competente operador de som, além de algum(ns) outro(s) companheiros, pelo que lhes peço perdão. A emissora passava pela conhecida "fase experimental", que já se alongava um pouco, resultando em que ficasse no ar apenas cerca de 3 anos. 


Nesse dia fatídico citado pelo ZAN - um dos mais tristes da minha existência -, ao chegar à Rádio para mais uma tarde de trabalho (continuar a redação do noticiário daquela noite), me deparei com a agitação do seu fechamento, processado pela própria Polícia Federal! Foi uma desolação enorme; a cidade se privava da sua rádio (infeliz sina da terra-do-já-teve) e nós estávamos desempregados. Sim, João Antonio, não se escutaria mais a voz animada do Chico de Paula, no seu programa "Forró no Asfalto", enviando recados do tipo: SEGURA O BODE Dr. JOSÉ MIRANDA. 

Fotos: Museu do Paulo - Francisca C. da Silva - BitorocaraBlog

segunda-feira, 19 de março de 2012

PRESERVAR O QUE RESTOU...

Casarões da Bona Primo teimam em não acompanhar a correria imobiliária.

Sábado, dia 24, às 9 (nove) horas, no Auditório Acadêmico Wilson de Andrade Brandão, na sede da APL, o arquiteto Olavo Pereira da Silva Filho estará proferindo a palestra Centro Histórico de Campo Maior – Preservação e Desenvolvimento. Na oportunidade serão colhidas assinaturas em um requerimento a ser encaminhado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Arquitetônico Nacional – IPHAN, reivindicando seja essa área urbana declarada como Paisagem Cultural. O evento é uma promoção da Academia Piauiense de Letras, da Academia de Letras do Vale do Longá e da Academia Campomaiorense de Artes e Letras. Haverá debate sobre o tema da conferência.
Depois de abrigar um museu, Casarão da Dona Eulina Cardoso deu lugar a um supermercado.
Pelo menos, eutanásia...

CRISE DE IDENTIDADE - Estação ferroviária, "museu", e até já viajaram na futurologia de uma nova Estação... do Metrô!!! Tem rumo...! Mas ficam faltando só os TRILHOS!!!  

terça-feira, 13 de março de 2012

Batalha da Unidade Nacional


por Laurentino Gomes

Foi o mais trágico, e também o mais simbólico, de todos os confrontos da Guerra da Independência. Brasileiros e portugueses se bateram entre as nove horas da manhã e as duas da tarde de 13 de março de 1823 nas margens do Rio Jenipapo, no município de Campo Maior. O resultado foi uma carnificina: cerca de 200 piauienses e cearenses mortos e mais de 500 feitos prisioneiros. As perdas representaram um terço do improvisado exército brasileiro composto em sua maioria por vaqueiros, comerciantes, alguns vereadores, um juiz, além de velhos e adolescentes. Os portugueses, comandados pelo major João José da Cunha Fidié, tiveram apenas dezesseis baixas.


Para os portugueses, foi uma vitória com sabor de derrota. Fidié rapidamente chegou à conclusão de que seria inútil resistir à onda revolucionária iniciada mais de um ano antes no Rio de Janeiro com o Dia do Fico (9 de janeiro de 1822) e reforçada no Grito do Ipiranga, a 7 de setembro do mesmo ano. A tragédia do Jenipapo demonstrava a determinação dos brasileiros de lutar ao lado do imperador Pedro I pela independência, mesmo que de forma desorganizada e à custa da própria vida. Por isso, em vez de prosseguir até Oeiras, a então capital do Piaui a esta altura também em mãos dos revolucionários, Fidié decidiu cruzar o Rio Parnaíba e se refugiar na cidade maranhense de Caxias, ainda controlada pelos portugueses. Ali foi cercado, preso e deportado para o Rio de Janeiro. 


Fotos: Monumento(Teresina Panorâmica) - Casa do Tombador onde Fidié descansou com a tropa, após a  batalha (Foto de desconhecido, ilegível)
Ilustração e montagens: João de Deus Neto

quinta-feira, 8 de março de 2012

Dia Internacional da Mulher Campomaiorense


Sobre o apoio das mulheres de Campo Maior, escreveu um dos líderes do movimento, o Juiz de Fora, João Cândido de Deus e Silva: "As próprias mulheres não ficavam indiferentes: mandavam os maridos, os filhos, os irmãos para a guerra e a fim de que levassem munições e armas vendiam as jóias, se mais nada tinham a vender. A mulher piauiense mostrou, nessa ocasião, a grande fortaleza, o ânimo varonil de lendárias heroínas. Foi inexcedível de amor pelo triunfo completo da Independência - que abraçara, desde as primeiras proclamações."

Glória também aos vaqueiros e roceiros humildes, que lutaram sob o comando dos bravos Luís Rodrigues Chaves, João da Costa Alecrim, Francisco Inácio da Costa, Salvador Cardoso de Oliveira, Alexandre Nery Pereira Nereu, Pedro Francisco Martins e Simplício José da Silva. Eles permaneceram durante muitos anos no esquecimento. Apenas algumas toscas pedras marcavam o lugar das sepulturas com restos desses valentes, mortos sem que deixassem à posteridade ao menos os modestos nomes. A gratidão dos piauienses, porém, um dia se positivou neste Monumento do Jenipapo, na campina formosa - o lugar mais sagrado da história.


Fonte: Geração Campo Maior - Reginaldo Gonçalves

sexta-feira, 2 de março de 2012

Vaqueiros de "camelos"...

Certa vez a extinta revista O Cruzeiro, de circulação nacional, enviou a Campo Maior, um fotógrafo para fazer o "retrato" de um vaqueiro com toda a indumentária que o caracterizava. O moço foi pra estrada de terra que dava saída pra Fortaleza (CE), depois do hoje, Monumento do Jenipapo. E tome de espera. “Lá vem um!!!” (o chapéu e parte do gibão apareciam ao longe). Por fim, a frustração: o trabalhador símbolo da região estava "amuntado" numa bicicleta Monark último modelo, estalando de nova, "tirada" (comprada!) na loja com farol e dínamo; Não carecia as esporas.
Hoje, o cavalo e a "magrela" foram definitivamente trocados pelas motos de vários modelos como o transporte mais popular nas idas e vindas à sede do município, por parte dos bravos vaqueiros campomaiorenses, todos "armados" com telefones celulares, estes sim, de todas as idades.

Venturas e Aventuras em Campo Maior



"COREGA"

por Francisco da Silva Cardoso

Luis Cazé ou na intimidade Corega, grande Corega, conhecido por toda a população de Campo Maior. Boa Estatura, olhos verdes, branco, nariz comprido, de família tradicional. Doido manso. Diziam que quando esteve em tratamento no Asilo Areolino de Abreu, em Teresina, que na época ficava próximo da ponte metálica sobre o Rio Parnaíba, era muito querido pelo pessoal que lá vivia. Como já adquirira a confiança das freiras que administravam aquele manicômio, andava quase em liberdade total. Às vezes até ajudava em algumas tarefas domésticas. Aconteceu que certo dia se encontrava no pátio do asilo um doido nu, pelado como nasceu. Mais que depressa as freiras pediram ao Corega que fosse até o mesmo e o convencesse a ir para seu quarto para vestir-se, já que no momento não se encontrava nenhum servente de Enfermagem e Corega era jeitoso, e o doido obedecia às suas ordens e já tinha provado em outra ocasião. Chegando até o dito, resolveu o problema. Tirou sua calça e camisa e o fez vestir ali mesmo e voltou nu e disse: “Pronto, madinha, o doido está vestido, agora me dê uma roupa pra mim”. As freiras quando viram em sua frente o Corega nu pelado, quase caíram do susto, deram aquele grito de histerismo e saíram todas em disparada pelos corredores e ele atrás gritando: “eu quero a roupa, eu quero a roupa, madinha”. Na primeira porta que encontraram, entraram todas de uma só vez e se trancaram.


Personagens da nossa história recente... 14

Leni Chaplin Stein - Promoteur e Colunista Social  em Campo Maior

Professor e Sindicalista Kaká

Arnaldo Ribeiro - Radialista e Jornalista em Campo Maior

Marco Bona - Advogado e ex-Prefeito de Campo Maior


quinta-feira, 1 de março de 2012

"Caubóis" - Duelos no carnaubal...

Cine Glória (C. Maior), inaugurado em 1932

     por Joaquim Pereira

Além dos jogos de futebol e de petecas, era mania a brincadeira de imitar os caubóis do Cine Glória: Rocky Lane, Johnny McBrown, Rod Cameron, Errol Flynn, Randolph Scott, John Wayne, Durango Kid, Roy Rogers e outros, cada um mais empenhado em exterminar bandidos e índios cheyenne, apache, comanche, sioux. Sendo que os bandidos eles não conseguiram exterminar.

     A mão fechada, apenas o indicador e o médio esticados, estava feito o revólver. Os estampidos eram imitados na boca. Imitava-se o estampido e o zinir dos ricochetes das balas. No internato, nas ruas, nas praças, de vez em quando tinha dois ou mais empenhados em cerrado tiroteio, saltando obstáculos, atirando-se ao chão, protegendo-se nas árvores, postes, esquinas. Balas zunindo por tudo quanto era lado. Alguns, mais empolgados, levavam a fantasia a realismo exagerado, atiravam-se por cima de paus e pedras, esfolavam-se, chegavam a sangrar. Quem fosse surpreendido a descoberto, era obrigado a fingir-se baleado, retorcendo-se, caindo no chão. Era o tempo dos sucessos de Bob Nelson, que cantava imitando os caubóis americanos, a música country de hoje.

Randolph Scott

     Certo dia, chegados do Ginásio, eu e o Polidório engatilhamos as armas e começamos duelo de vida ou morte, eu atirando do corredor, protegido no peitoril, e ele atirando do quintal, protegendo-se no pé de cajá. A certa altura do tiroteio eu quis aproximar-me do inimigo e abatê-lo. Subi ao parapeito e enquanto estava lá em cima, de pé, atirando e desviando-me da chuva de balas, desequilibrei-me. Caí sem querer, meus cotovelos buscando amparo chocaram-se no cimento duro do peitoril. Foi  uma dor terrível seguida de agonia e náusea. Desabei sobre a calçada devidamente desacordado, sem sentidos. E o Polidório soprava o revólver fumegante, imaginando que eu fingia ter sido baleado, esperando que eu me levantasse e desse por fim o combate. Que nada, eu estava era morto mesmo.

     O Polidório deve ter passado por enorme aflição, talvez pensando que seus dedos tivessem adquirido a absurda capacidade de disparar balas de verdade. Depois que voltei ao mundo, ele quase morreu de rir. Eu, zonzo, suando frio, machucado e caxingante, não vi um pingo de graça!

Alguns colegas do Colégio Estadual...

Fcª Teresa, Carlos Antônio, Zenita Pires e Hilson Bona
por Elmar Carvalho
Um pouco antes do início da solenidade de lançamento do livro “Educação e Educadores de Campo Maior”, de Sílvia Melo, conversei brevemente com sua irmã, a ex-deputada Margarida. Perguntou-me ela sobre em que época fomos colegas de estudo e sobre os nomes de nossos condiscípulos. Respondi-lhe que fomos colegas no Colégio Estadual, onde fiz a terceira e a quarta série do antigo ginásio, a envergar seu uniforme azul e branco, nos anos 1971 e 1972, salvo engano. Foram nossos professores, entre outros, Dr. Hilson Bona, Francisca Teresa Andrade, Luís Francisco Miranda, Eidene, Aracéa de Araújo Rodrigues e o advogado e colega de meu pai no antigo DCT, Francisco das Chagas Moreira e Silva – Dr. Chaguinhas, que nessa época ainda se aventurava a jogar bola; era pai do meu amigo Zé Moura, que ficou na história do futebol campomaiorense. Nesse período, foram diretores do Colégio Estadual a professora Maria Zenita Almendra Pires Ferreira e o jovem advogado Carlos Antônio Souza.
Em 1975 fui embora de Campo Maior. Como não mais voltei a morar em minha cidade, é natural que tenha esquecido o nome de muitos de meus colegas de turma dessa época. De alguns recordo a fisionomia, mas não o nome. Não mais revi vários deles. Casualmente, tive a oportunidade de reencontrar menos de meia dúzia, ao longo desses 36 anos. A vida junta e a vida se encarrega de separar, cada um com as suas circunstâncias e injunções, na luta renhida pela sobrevivência. Além da Margarida Melo, fui colega da Jandira Leite Cavalcante, do Pedro, filho do senhor Agostinho da Água Branca, do Deus Luís, do Valdemar Higino, do Celso, do Otaviano Furtado do Vale e do Antônio Francisco Souza. O Otaviano era uma liderança esportiva. Irmão do grande craque Augusto César, de quem, no meu livro O Pé e a Bola, tive a oportunidade de dizer: “quarto zagueiro, bom no domínio, boa visão, inteligente (também bom no arremesso de copo)”. Em sua posição, com seu estilo clássico, elegante, foi considerado um dos melhores atletas de Campo Maior, tendo atuado em time da capital. Sobre o Otaviano, no referido livro, disse: “Recordo o campo próximo ao colégio Leopoldo Pacheco, em Campo Maior, onde jogava bola todo dia, sob a liderança do amigo Otaviano Furtado do Vale, o Tavico, jogador rápido, hábil e vigoroso, que transitava pela defesa e pelo ataque, funcionando como um coringa e líbero, com atuação predominantemente pela lateral esquerda; era uma espécie de capitão dos dois times, mas tinha o defeito de não gostar de perder, por mais amistosa que fosse a partida”.

Margarida, "Dema" Higino, Zé Moura, Augusto César, Carlito e Rui Lima.

O Deus Luís era filho do senhor Luís Pinto, dentista prático e colega de meu pai no velho DCT. Era uma inteligência viva e tinha notável senso de humor. Fazia gozação na base do improviso, aproveitando-se de eventual gafe dos colegas. Tornou-se funcionário de um banco federal. O Pedro formou-se em Direito e exerce a advocacia. O Celso, ao que me parece, era o mais velho da turma. Concentrado, focado sempre na explanação dos professores. Morava para os lados da estação ferroviária. Não tive mais notícias desse bom e aplicado colega. O Valdemar Higino tornou-se servidor do INCRA e hoje é maçom da melhor linhagem, respeitado pelos irmãos. A Jandira era filha do senhor Valdemar Cavalcante, que foi amigo de meu pai, mormente nos tempos da juventude. Graças a ela, que conseguiu um preço camarada com seu pai, como comemoração de nossa colação de grau, como se dizia na época, fomos, num dos ônibus da empresa V. Cavalcante, passar um final de semana em Fortaleza. Foi a primeira vez em que vi “os verdes mares bravios” de José de Alencar. Jovem e ainda um tanto afoito, acostumado apenas com as mansas ondinhas de nosso pequenino Açude Grande, fui “tirar onda” com o Atlântico; ao “pegar um jacaré”, imitando um banhista cearense, acostumado com as manhas das marés, fui levemente arrastado pela onda. Isso me ensinou a ser mais cauteloso, e a tentar driblar os perigos, pois, como já dizia Vinicius de Moraes, são demais os perigos desta vida. Por falar nesse grande menestrel, injustamente chamado de poetinha, vez que é um poetão, recordo que a Margarida tinha um álbum, em que anotava alguns poemas de sua predileção, sendo que um deles era um soneto da autoria desse bardo.
O Antônio Souza residia na Rua do Sol, de poético e brilhante nome, mas jogava futebol no campinho do Leopoldo Pacheco. Era também uma liderança do esporte, e organizava torneios pebolísticos. Atuei em algumas partidas por ele organizadas, a defender o time do Bartolomeu, hoje economiário, primo do amigo Zé Francisco Marques, que me recordou esse fato. O Assis Capucho, hoje neurologista respeitado em São Paulo, primo do Otaviano, também era craque desse time. O Antônio foi um dos colegas mais brilhantes que tive. Era bom em todas as disciplinas, fossem elas da área de ciências exatas, fossem da área de humanidades. Tinha uma memória elefantina, prodigiosa, e sabia de cor a escalação de vários times. E ao que parece não precisava estudar em disciplina espartana, a se martirizar em longas horas de estudo, porquanto jogava todo dia e frequentava as festas do Campo Maior Clube e do Grêmio Recreativo (e, talvez, ainda atacasse em bailes periféricos e alternativos, fora as tertúlias caseiras, então na moda).


Antônio B. Sousa, hoje, em Cuiabá, MT.
Fonte: Diário Incontínuo – Elmar Carvalho http://poetaelmar.blogspot.com/

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Sassaricando...


Por incrível que pareça, é um domingo de carnaval na segunda metade dos anos 40. Digo isso por causa da faixa onde está escrito o nome de um famoso samba daquela época: "É com esse que eu vou". 
Mas, vamos e venhamos, sassaricar pisando na sombra do pino do meio-dia, justifica o astral dos nossos bem comportados ancestrais.
Ah, e foi uma pesquisa superficial minha, porque dessa época mesmo, o Zan, o Zé Miranda, Zé Neville e a Maria Áurea, é que são as enciclopédias aqui do Bitorocara!


Bebeta Portela e Genilda são “elas” do estandarte.

O Zé Carioca aí da foto, é o Paulinho do Zizi Veras. Quem sabe o nome da "Rosinha" do sumido garoto do sobrado da Av.Vicente Pacheco? No mesmo casarão, também morou o Rui Saraiva de Lima, e, até bem pouco tempo, funcionou o Colégio Leonardo da Vinci?

VOCÊS DE NOVO?!!!

Zezé e Zuzu de olhos atentos no movimento carnavalesco na Praça Rui Barbosa...E pra não perder a viagem, tecendo “comentários” sobre o comportamento dos foliões.

O estandarte tem tudo a ver com carnaval. E é patrocinado pela antiga Casa Inglesa! 

Fotos: MuseudoPaulo&Bitorocara

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

CAMPO MAIOR 250Anos



por Irmão Turuka


Detive-me outro dia a olhar os canteiros multiformes de variedades matizes, com que o atual Prefeito se esmera em mostrar aos visitantes a mais bela praça do Piauí, a Bona Primo [Jornal A Luta, 25/08/1968].

Lembrei minhas palestras com o Alferes Sinfrônio Olímpio do Monte, acerca do lendário Pelourinho, grosso tronco de madeira fincado bem no centro da praça, para vingar os “Brancos” das desobediências praticadas pelos “Pretos Escravizados”. Foram tantas as injustiças ali praticadas, que um dia as Forças da Natureza se revoltaram e despedaçaram-no com um monstruoso corisco (raio). Alguém tentou acalmar a fúria do céu, mandou construir uma pirâmide, com 4 degraus, onde os meninos brincavam. Teve a mesma sorte do Pelourinho, porque outro corisco a destruiu.

Em 1912 ou 13, o Mestre Paiva veio com uma Comissão de Engenheiros das Obras Contra a Seca escolher locais apropriados para três poços tubulares e sobre eles, três cata-ventos com caixa d’água metálica, para Campo Maior. Tentaram cavar um dos poços no exato local do Pelourinho, mas a broca enganchou de tal modo que tiveram de mudar para mais adiante do triste local regado com sangue africano. Mestre Paiva também deu azar. No mesmo ano matou seu amigo Cazuza Rego, por trás da Matriz (de Santo Antônio), depois de juntos haverem bebido uma pinga da Cana Limeira, na quitanda do Zeca Mendes.

Na velha Praça tinha de tudo: Grandes Casas de Comércio onde a filosofia dos donos era de que ”se conhece o pau é pela casca que o veste”, por isso ninguém relaxava a elegância. Tinha a Intendência, Fórum, Delegacia de Polícia e Cadeia muito perto, Juiz, Advogado, Farmácia perto, açougue, pelada, três setes, gamão e, sobretudo, brincadeiras de prendas e danças de rodas, onde os pequenos , moças e rapazes se divertiam e os mais idosos conversavam nas “bocas da noite”.

Irmão Turuka (Antônio Andrade Filho). Comerciante (Farmácia), espírita, contista, memorialista, cronista, contador de “causos” e jornalista. Nasceu e faleceu em Campo Maior (*26/01/1924, +28/06/1970).


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DODÓ PORTELA

Conhecida com o sobrenome de Portela, por ter aparecida em Campo Maior, trazida pelo Padre Benedito Portela no início do século (1904?). De origem maranhese (Picos, atual  Colinas-MA), supõe-se descendentes de escravos. Após o falecimento do padre, passou a morar alternadamente em diversas casas da sociedade campo-maiorense. Tornou-se figura muito popular e faleceu provavelmente com mais de 90 anos. A negra Dodó é citada em crônica doIrmão Turuka e no livro “Memória da adolescência”, de Francisco da Silva Cardoso.

Fonte: Geração Campo Maior – Reginaldo Gonçalves de Lima.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Personagens da nossa história recente... 13


Jesus Andrade

Washington Belchior

Silvio Paz Andrade

Ricardo Reis

Eutrópio "Boris" Torres


Fofoca analógica...


À Geração facebook...

Numa época em que a praça Rui Barbosa era o ponto de encontro de todo mundo em Campo Maior, as gêmeas dos carrinhos, Zezé e Zuzu, eram presenças obrigatórias, chegavam invariavelmente na praça depois da seis. Eram extremamente vivazes, engraçadas, comunicativas e, como acontece em todo lugar pequeno, fofocar fazia parte dos hábitos de todo mundo daquele tempo e de hoje e de sempre. Os rapazes namoradores davam muita atenção a elas, porque elas, como toda mulher, fantasiam muito a respeito de relacionamentos, etc. Alguns desses rapazes estavam mesmo interessados era nas mocinhas que pilotavam os carrinhos das gêmeas, elas só embarcavam na viagem. Elas fizeram história em Campo Maior, a minha geração toda se lembra delas com carinho. (Zeferino Zan) 

Olhem o que o João de Deus tirou do baú! É surpreendente! As meninas aí faziam tantas amizades, que se gabavam de ser amigas, ATÉ, do cantor Wanderley Cardoso! Pois é, quando ele esteve em C.Maior, fez a elas uma especial visita. Ao nascerem, o médico deixou bem claro para os pais em aflição que Maria de Jesus (Zuzu) e Maria José (Zezé), não sobreviveriam por muito tempo, porque eram bastante frágeis. Engano clínico! Viveram mais de 40 anos. Para quem não sabe, passo a informação de que os seus famosos carrinhos compõem o rico acervo do também famoso Museu do Zé Didô. (José Miranda Filho)

Zuzú e Zezé, conhecia de longe. Era criança e como todas, passava por longe, carregado de inocência e pavor. Muito tempo depois fui saber mais sobre elas, já lá no museu do Zé Didô. Eram realmente umas curtidoras, no sentido lato. (Amaral)

Foto: MuseudoPaulo&Bitorocara

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